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Metodologia: Busca ativa.

Foto do escritor: institutojapiinstitutojapi


Quando está caminhando por trilhas costuma ficar olhando ao redor procurando animais? Pois bem, saiba que está utilizando um método de coleta bastante comum e utilizado por diversos pesquisadores. “Poxa, mas simples assim?”, sim e não! E vamos discorrer um pouquinho sobre este método que é comumente chamado de busca ativa.

Este método é simples quanto ao conceito, que é andar na área que pretende amostrar registrando o maior número de animais possíveis. A busca é feita em todos microambientes possíveis que possam ocorrer os animais foco do trabalho, podendo ser anuros, serpentes, lagartos, mamíferos e aves. A complexidade aparece quando entendemos a variedade de informações e de “modalidades” que este método pode ter. Para não ficar confuso, vamos por partes, discorrendo um a um.

O esforço amostral é um conceito que vale a pena ser introduzido, e que pode ser aplicado em todos os métodos de coleta, não deixando de fora a busca ativa. Esta é uma variável que vai medir quanto foi o esforço gasto com determinado método para chegar no resultado final. Confuso? Vamos ao exemplo. Caso um trabalho queira comparar 2 áreas, “A” e “B”, quanto ao número de espécies de anuros. Após fazer o levantamento a equipe notou que ambas as áreas chegaram em 20 espécies. Neste caso, podemos pensar que ambas devem possuir a mesma riqueza (número de espécies), certo? Pois bem, nesta análise falta o esforço amostral para chegarmos nessa conclusão. Se eu te disser que na área “A” foram registradas 20 espécies durante uma busca ativa de 1 hora conduzida por uma pessoa. Enquanto isso, na área “B”, foram registradas 20 espécies ao longo de 20 dias de busca ativa, com 2 horas por dia e conduzidas por 2 pessoas. Neste caso a conclusão muda, não é mesmo? Apesar do resultado final ser o mesmo, a área “B” contou com um esforço amostral muito maior do que a área “A”, logo, será que se ambas áreas tivessem contado com o mesmo esforço o resultado ainda assim seria o mesmo? Neste caso, só mais horas de trabalho na área “A” poderiam nos trazer essa informação.

Agora que entendemos o conceito de esforço amostral, na busca ativa devemos nos atentar para algumas variáveis. Tempo, como mencionado acima, é uma delas, é bastante importante quando analisamos o esforço amostral de um método. Por isso é comum encontrar este método sendo descrito em alguns livros como “procura visual limitada por tempo”. Outra variável bastante relevante é a área que será feita a busca. Definir um transecto, que geralmente é uma trilha na mata com uma distância estabelecida, também é uma forma de quantificar o esforço realizado.

Outro ponto importante da Busca ativa é como será feito o registro das espécies. Para alguns grupos, como serpentes, que são animais que não tem o hábito de vocalizar e não costumam deixar rastros, a busca visual pelo indivíduo é a mais comum e geralmente a única opção. Já para aves e anuros, a vocalização, ou seja, o som que a espécie emite e que geralmente é único para cada espécie, possibilita fazer o registro e até quantificar quantos indivíduos estão vocalizando. Inclusive utilizando a técnica de playback, que basicamente consiste em reproduzir o som de uma espécie, por meio de alto-falantes, fazendo com que os indivíduos dessa espécie se aproximem ou respondam ao som. Em outros grupos, como mamíferos, além da vocalização, é possível buscar por rastros, como pegadas, fezes e tocas.

Como em todos métodos citados aqui, a busca ativa possui pontos positivos e negativos. É um método que pode ser de baixo custo, contando apenas com a pessoa que vai fazer pesquisa e seus equipamentos individuais, contudo, estes equipamentos podem ter um valor bastante alto, dependendo do objetivo do trabalho. Pessoas que trabalham com aves (ornitólogos), por exemplo, geralmente estão equipadas com potentes câmeras fotográficas, gravadores e binóculos, equipamentos bastante caros. Por outro lado, a busca ativa de serpentes e lagartos não exige mais do que uma boa lanterna para os trabalhos noturnos. Outro ponto que pode ser um problema é quanto às diferenças individuais das pessoas que trabalharão com o método. Com pessoas não podemos esperar toda essa exatidão, como na técnica de câmera trap, pois algumas possuem dificuldade em visualizar os animais, outras possuem facilidade em escutar suas vocalizações. Essa diferença individual deve ser levada em conta e, sempre que possível, é interessante que a mesma equipe faça todo trabalho de busca ativa durante a pesquisa/trabalho, diminuindo essa diferença.

Por fim, o método de busca ativa é largamente utilizado nos trabalhos com fauna. Não por menos, é barato e possibilita bons registros, além de potenciais dados de história natural, pois, procurando ativamente, é comum encontrarmos eventos de reprodução, predação, combate entre machos e tantas outras interações.




Arte: Natália Lavínia A. de Souza;

Texto: Diego G. Cavalheri;

Pesquisa: Raphael Martins; Keity Souza;

Texto Instagram: Keity Souza; Raphael Martins.



Referências bibliográficas:


Boscolo, D. O uso da técnica de play-back no desenvolvimento de um método capaz de atestar a presença e ausência de aves no interior de fragmentos florestais. 2002. Acesso em: 08 de maio de 2022. Disponível em: <https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41134/tde-16062003-175155/publico/Dissertacao_de_mestrado_DaniloBoscolo.pdf>.


Diniz, P. C.; Latini, R. O. Métodos de amostragem da herpetofauna: algumas dicas e orientações para estudantes e profissionais com pouca ou nenhuma experiência em campo. Acesso em: 08 de maio de 2022. Disponível em: <https://www.metodista.br/revistas/revistas-izabela/index.php/aic/article/download/813/689>.


Magalhães, J. D. R.; Lima, A. G.; Nunes, A. V. A. et al. Eficiências das técnicas de capturas aplicada aos estudos de répteis no Brasil. 2009. Acesso em: 08 de Maio de 2022. Disponível em: <http://www.eventosufrpe.com.br/jepex2009/cd/resumos/r0740-1.pdf>.


Melo, I. R. Aplicações de monitoramento acústico utomático de anuros: Inventário de espécies, comparações metodológicas e estudo de detectabilidade de espécies 2020. Acesso em: 8 de maio de 2022. Disponível em: <https://repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/10405/5/Disserta%c3%a7%c3%a3o%20-%20Isabella%20Rodrigues%20de%20Melo%20-%202020.pdf>.

 
 
 

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