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George Cuvier

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Ao longo da história existiram personagens que andaram pelo mundo com seus conhecimentos e invenções, contribuindo assim para o avanço da humanidade. Entre os grandes cientistas que contribuíram para a história da ciência está Georges Cuvier, um dos naturalistas, zoólogos e paleontólogos mais importantes da história. Jean Leopold Nicolas Frédéric Cuvier nasceu em 23 de agosto de 1769 em Paris, França. Seu pai era um oficial militar de baixa patente, e sua mãe, que o tinha sob seus cuidados em tempo integral, foi a primeira pessoa que o apresentou ao mundo acadêmico. Desde pequeno sempre foi apaixonado pela natureza, além de sempre se destacar por sua grande inteligência na escola local onde estudou. Mesmo sem falar alemão ele ingressou na Carolina Academy em Stuttgart, na Alemanha em 1784 e nove meses foi o que precisou para ganhar o prêmio escolar deste idioma. Lá ele estudou durante 4 anos, onde se destacou em todos os seus cursos.

Ao longo de seus estudos, ele conheceu o trabalho do geólogo Abraham Gottlob Werner (1750 - 1817), cujo Netunismo (uma teoria antiga, na qual as rochas - inclusive as eruptivas - se originaram por intermédio da água, somente a lava atual seria de origem ígnea) e a ênfase na importância da observação das estruturas das formações rochosas para o entendimento geológico foram a Georges modelos para a pesquisa científica para suas teorias e métodos. Após se formar em 1788, sem dinheiro, foi trabalhar como tutor do filho de um nobre conde em Fiquainville, Normandia, enquanto aguardava ser nomeado para um escritório acadêmico. Em meados dos anos 1790 ele começou a estudar e comparar fósseis com formas existentes, enquanto frequentava regularmente reuniões realizadas na cidade vizinha, com finalidade de discutir questões agrícolas da região. Lá teve contato com muitos naturalistas e entusiastas do ofício, como o médico agrônomo Henri Alexandre Tessier (1741-1837), e não demorou para ficarem íntimos e se tornarem colegas de pesquisas. Sua parceria com o M. Tessier o levou a ter muito interesse e ao seu despertar pela anatomia, onde apenas aos 26 anos, em 1795, ele se tornou assistente de Jean-Claude Mertrud (1728 - 1802), que foi nomeado para a cadeira de Anatomia Animal no Jardin des Plantes. Após a morte de Mertrud, Cuvier substituiu seu cargo no qual mudou seu nome para Anatomia Comparada.



Retrato de Georges Cuvier (Fonte: britannica.com)


Já no ano seguinte, começou a lecionar na École Centrale du Pantheon, onde rapidamente expandiu sua carreira nas cadeiras da Academia de Ciências. Na mesma época em que, na abertura do Instituto Nacional ele leu seu primeiro artigo paleontológico, que após 4 anos em 1800, foi publicado com o título de “Mémoires sur les espèces d'éléphants vivants et fósseis”, no qual ele analisou os restos de esqueletos de elefantes africanos e indianos, assim como de mamutes e um fóssil conhecido na época como “animal de Ohio”. Em sua análise, pela primeira vez, estabeleceu que os elefantes africanos e indianos eram de espécies diferentes e que os mamutes não eram da mesma espécie e por isso estariam extintos.


Anos depois, em 1806, ele afirmou que o “animal de Ohio” era ainda mais diferente dos elefantes vivos do que os mamutes e então o nomeou como “Mastodonte”. Em seu segundo artigo, de 1797, ele descobriu que um grande esqueleto fóssil encontrado no Paraguai, que o chamou de Megatério, havia semelhança com o crânio de espécies vivas de preguiças arbóreas, concluindo então a existência de mais um animal extinto, uma espécie de preguiça gigante. Juntos, estes dois artigos foram um grande marco, tanto na história da paleontologia, quanto para o desenvolvimento da anatomia comparada, além de darem finalmente uma direção para o longo debate acerca dos estudos sobre a extinção.


Essas mandíbulas de elefantes e mamutes indianos foram incluídas em 1799, quando o artigo de Cuvier de 1796 sobre

elefantes vivos e fósseis foi impresso. (Fonte: http://scihi.org/georges-cuvier/)




Após passar por diversos cargos acadêmicos, cada vez mais ascendentes, e sua carreira na ciência alavancar, bem como sua reputação, Cuvier se tornou membro estrangeiro da Royal Swedish Academy of Sciences, em 1827. Durante uma terrível epidemia de cólera que assolou Paris, em 1832, Georges Cuvier veio a falecer devido a um acidente vascular cerebral no dia 13 de maio.

O “pai da paleontologia”, como também é referido, dedicou a sua vida a 3 linhas de pesquisa:



● A estrutura e classificação dos moluscos; ● A anatomia comparativa e a disposição sistemático dos peixes; ● Mamíferos e répteis fósseis e a osteologia (estudo das estruturas ósseas) de formas vivas pertencentes aos mesmos grupos.

Estas três áreas se complementam com o objetivo de compreender a organização dos seres vivos e extintos como um método de classificação natural. Segundo ele, esse método deveria estar fundamentado na análise das diferentes formas com que esses seres coordenam suas diferentes funções.

Uma curiosidade interessante é que Cuvier ao afirmar que, “seria improvável que qualquer animal grande permaneça desconhecido”, não pode ver que dez anos depois de sua morte em 1842, voilá! O termo "dinossauro" foi cunhado pelo paleontólogo Richard Owen, que significa “lagarto terrível/poderoso” (grande!)

Ele criticou as teorias da evolução, principalmente as propostas por Jean-Baptiste de Lamarck (1744 - 1829) e Geoffroy Saint-Hilaire (1772 - 1844), de que os seres vivos provinham da matéria orgânica e evoluíam, transformando-se gradualmente ao longo de diversas gerações, pois para Cuvier um fóssil não muda gradualmente para uma forma fóssil distinta e sucessiva. Como embasamento ele comparou gatos e Ibis mumificados, trazidos pela expedição de Napoleão Bonaparte ao Egito, concluindo que não apresentavam diferenças anatômicas dos animais atuais, mesmo com o decorrer de milhares de anos. Ele defendia que os organismos eram formados por partes complexas e integradas e que não poderiam ser alteradas pois o tornaria incapaz de sobreviver, perdendo sua capacidade funcional. Sua crítica e a força de sua reputação, continuou a desencorajar os naturalistas de discutir sobre a transmutação gradual das espécies, até que Charles Darwin publicou A Origem das Espécies, mais de duas décadas após a morte de Cuvier.



Ilustrações de Cuvier de seu estudo na comparação de crânios fósseis e de animais atuais. (Fonte: https://www.researchgate.net/)





Você sabia que Georges Cuvier teve muitas espécies em sua homenagem?

Confira:

● Anolis cuvieri;

● Boulengerella cuvieri;

● Dryolimnas cuvieri, o trilho de Cuvier;

● Eryon cuvieri (extinto);

● Falco cuvierii, o falcão de Cuvier;



● Galeocerdo cuvier, o tubarão tigre;

● Gazella cuvieri, gazela de Cuvier;

● Oplurus cuvieri;

● Orestias cuvieri;

● Palaegithalus cuvieri (extinto);

● Peratherium cuvieri, sarigue de Cuvier (extinto);

● Phaeochroa cuvierii, colibri de Cuvier;

● Physalaemus cuvieri;

● Proechimys cuvieri;

● Talegalla cuvieri, talegalla de Cuvier;

● Trogontherium cuvieri (extinto);

● Ziphius cavirostris, baleia Cuvier;

Ao longo de toda sua carreira, o naturalista buscou entender a natureza através das relações de funcionalidade, internas e externas a todos os organismos, inclusive os extintos, desta forma ele projetou a elaboração de uma história natural plena. Vale lembrar que, até então, as ciências geológicas, assim como o estudo dos fósseis, ainda não eram desenvolvidas o suficiente para serem determinadas como áreas científicas autônomas. Afirmou também que os fósseis não eram relacionados aos estratos geológicos nos quais eles eram encontrados e que acima de tudo eles não haviam sido tratados como “documentos históricos”, mas sim como objetos de curiosidade, como conta em sua obra “Discurso sobre as revoluções da superfície do globo”:

[...] como uma nova espécie de antiquário, eu tenho aprendido a decifrar e restaurar estes monumentos, e a reconhecer e reagrupar em sua ordem original, os fragmentos mutilados e dispersos dos quais eles são compostos; para reconstruir os seres antigos aos quais estes fragmentos pertencem; para reproduzi-los em suas proporções e caracteres; e finalmente para compará-los àqueles que vivem hoje sobre a superfície da Terra. Esta é uma arte quase desconhecida; e pressupõe uma ciência dificilmente alcançada até agora, a saber, aquela das leis que governam a coexistência das formas, das diferentes partes dos organismos. (1812, p. 183)

Se interessou pelo trabalho desse grande cientista? Fizemos para você uma lista de algumas obras publicada pelo autor:

  • Tableau élémentaire de l'histoire naturelle des animaux (1797–1798)

  • Leçons d'anatomie comparée (5 volumes, 1800-1805)

  • Essais sur la géographie minéralogique des environs de Paris, avec une carte géognostique et des coupes de terrain , com Alexandre Brongniart (1811)

  • Le Règne animal distribué d'après son organization, pour servir de base à l'histoire naturelle des animaux et d'introduction à l'anatomie comparée (4 volumes, 1817)

  • Recherches sur les ossemens fossiles de quadrupèdes, où l'on rétablit les caractères de plusieurs espèces d'animaux que les révolutions du globe paroissent avoir détruites (4 volumes, 1812) (texto em francês) 2 3 4

  • Mémoires pour servir à l'histoire et à l'anatomie des mollusques (1817)

  • Éloges historiques des membres de l'Académie royale des sciences, lus dans les séances de l'Institut royal de France por M. Cuvier (3 volumes, 1819–1827) Vol. 1 , vol. 2 e Vol. 3

  • Théorie de la terre (1821)

  • -- Ensaio sobre a teoria da terra , 1813 ; 1815 , trad. Robert Kerr.--


Texto: Mariana G. Furquim;

Pesquisa: Diego G. Cavalheri;

Texto Instagram: Diego G. Cavalheri;

Arte: Aline Freiria dos Reis.



Referências bibliográficas:

F. Felipe A. Faria, Georges Cuvier: história natural em tempos pré-darwinianos. Scielo, 2010. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/hcsm/a/RG7KvqT4y4YdBYYjxvjWHks/?lang=pt&format=pdf>. Acesso em: 28 de novembro de 2022.


Janice Evans, Georges Cuvier: biografia e teorias. NSP-IE, 2022. Disponível em: <https://pt1.nsp-ie.org/georges-cuvier-2460>. Acesso em: 28 de novembro de 2022.


Martin J. S. Rudwick, Georges Cuvier’s appeal for international collaboration, 1800. Episodes, 2022. Disponível em: <https://www.episodes.org/journal/view.html?uid=2271&vmd=Full>. Acesso em: 28 de novembro de 2022.


Carmen Lucia, História Hoje: Pai da paleontologia moderna nascia há 248 anos, na França. Agenciabrasil, 2017. Disponível em: <https://agenciabrasil.ebc.com.br/radioagencia-nacional/acervo/pesquisa-e-inovacao/audio/2017-08/historia-hoje-pai-da-paleontologia-moderna-nascia-ha-248-anos-na/>. Acesso em: 28 de novembro de 2022.


Georges Cuvier. Stringfixer, 2022. Disponível em: <https://stringfixer.com/pt/George_Cuvier>. Acesso em 28 de novembro de 2022.


Bernardo Barbosa, Quatro cientistas que mudaram nossa concepção sobre a origem e o fim da vida. Intrínseca, 2015. Disponível em:

<https://www.intrinseca.com.br/blog/2015/09/quatro-cientistas-que-mudaram-nossa-concepcao-sobre-a-origem-e-o-fim-da-vida/>. Acesso em 28 de novembro de 2022
















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