Viajar é uma atividade incrível e muito querida pela grande maioria das pessoas, certo? Não é à toa que o turismo é uma das mais importantes atividades do setor econômico terciário.
Dentre os principais destinos escolhidos pelos turistas estão as praias, cachoeiras, montanhas e parques naturais. E todos esses lugares abrangem uma coisa em comum: a natureza. Vamos saber como o turismo pode e deve ser aliado do meio ambiente?
Ecoturismo, como é chamado, é o nome dado à prática que une turismo e natureza. Além de promover o bem-estar, tem a finalidade de oferecer vivências que estimulem a formação de uma consciência ambientalista, bem como a conservação do meio ambiente à sua volta.
Com a função função de fugir dos grandes ambientes urbanos e das grandes concentrações de massa, o Ecoturismo surgiu como um nicho que enfoca a contemplação da natureza e a realização de atividades de lazer, esportivas ou educacionais no meio natural, de forma a preservar os patrimônios naturais e culturais do local visitado. Além disso, é ainda uma forma de despertar a consciência ecológica dos turistas através da integração com o ambiente natural e cultural e a comunidade local, gerando benefícios tanto para o visitante, quanto para a localidade visitada.
Você sabia que este segmento tem uma data especial no calendário brasileiro? O dia 1º de março é marcado como o Dia Nacional do Turismo Ecológico.
Este tema, dentro dos conceitos que conhecemos hoje, teve início no final dos anos 80 e se tornou mais frequentemente abordado após a conferência da Eco92 no Rio de Janeiro, onde várias questões ambientais começaram a ser de fato discutidas. Antes disso, o turismo relacionado à natureza era muitas vezes praticado de maneira prejudicial aos ambientes naturais, além de não ter tanta preferência como destino de viagem, já que ainda não existiam muitas infraestruturas que facilitassem tais vivências, nem mesmo o fomento à estas atividades. Normalmente era classificado apenas como Turismo de Aventura. O termo, que passou a ser chamado de Turismo Ecológico, como um novo segmento de turismo, foi alterado em 1994, com as Diretrizes para uma Política Nacional de Ecoturismo, que o conceituou da maneira que conhecemos atualmente.
É diferente do Turismo de Natureza, que são atividades que envolvem o meio natural, mas não estabelecem conceitos sustentáveis, já que geram impactos negativos à natureza, como a caça, pesca ou o motocross. O ecoturismo visa, através de princípios sustentáveis, gerar uma boa comunicação entre homem-natureza, para minimizar os impactos ecológicos e culturais negativos nos locais, gerar benefícios socioeconômicos para as localidades e seus habitantes, como o comércio local, bem como a conservação da biodiversidade por meio da educação ambiental.
Dentre os princípios sustentáveis regidos pelo ecoturismo estão:
Preservação da natureza;
Interesse na história e cultura do destino;
Respeito pelas tradições e costumes locais;
incentivo à comunicação intercultural;
Auxílio à economia local pela escolha de produtos e negócios locais;
Interesse por eventos ambientais e redução do uso de recursos não renováveis.
O Brasil é considerado o país com maior potencial turístico em recursos naturais no mundo todo. Com a expansão desse segmento, as atividades ecológicas foram ganhando destaque entre o público e atualmente é o ramo da indústria do turismo que mais cresce no Brasil e no mundo. Segundo a Organização Mundial de Turismo (OMT), 10% dos turistas em todo o mundo buscam o turismo ecológico e, enquanto o turismo convencional cresce 7,5% ao ano, o Ecoturismo cresce a taxas de 15 a 25% por ano.
As principais atividades praticadas no Ecoturismo são:
Observação de fauna;
Observação de flora;
Observação de formações geológicas;
Visitas a cavernas (Espeleoturismo);
Observação astronômica;
Mergulho livre;
Caminhadas;
Trilha;
Safáris fotográficos.
Também têm as atividades que estão relacionadas ao Ecoturismo e usufruem do meio natural para atividades turísticas, porém não abrangem todos os seus princípios. Na maior parte das vezes elas são praticadas de acordo com pelo menos alguns deles. São exemplos:
Turismo de aventura;
Turismo de contemplação;
Turismo cultural;
Turismo ambiental ou alternativo;
Turismo rural;
Turismo de natureza.
Outras atividades que também estão relacionadas ao Ecoturismo são as atividades culturais, como visitas à comunidades anfitriãs, as visitas a instituições de ensino em ambientes naturais para atividades educativas, bem como as atividades esportivas em ambientes naturais, como corridas, dentre outras.
É muito importante falar sobre os impactos negativos, embora sejam relativamente menores que os impactos positivos que o Ecoturismo pode gerar, já que nos lugares naturais que recebem muitas visitas diariamente estão propensos a receberem visitantes nem sempre bem intencionados, que podem causar danos ao local: Estes podem ser parecidos e tão prejudiciais quanto os causados pelo turismo convencional, como poluição sonora, do ar, dos solos e das águas e também a depredação de patrimônios histórico-culturais. Em contrapartida, os impactos positivos são muitos: a diversificação da economia regional; geração de empregos locais; fixação da população no interior com melhor qualidade de vida; melhoramento da infraestrutura de transporte; comunicações e saneamento; criação de alternativas de arrecadação para as unidades de conservação; diminuição do impacto sobre o patrimônio natural e cultural, redução do impacto no plano estético-paisagístico, melhoramento de equipamentos das áreas protegidas, entre outros.
Uma peça chave dentro desta área é o profissional que trabalha acompanhando grupos de pessoas durante excursões, passeios e viagens, sejam elas nacionais e internacionais, este profissional é o Guia de Ecoturismo. Sua função é assessorar os viajantes ou visitantes, orientando e apresentando locais e pontos turísticos, bem como o apoio na logística da viagem, direcionando durante o embarque e desembarque, auxiliando na criação do roteiro a cumprir e os mantendo informados durante as atividades envolvidas. Ele também pode mediar atividades de preservação e conservação do ambiente natural e atuar com educação ambiental.
Embora o Brasil seja o país com maior potencial turístico no mundo, segundo o World Economic Forum (2015), o desenvolvimento sustentável do turismo ainda não é satisfatório, assim a tomada de decisões é imprescindível para a conservação do nosso patrimônio natural.
Desta forma, a frase “Conhecer para preservar” define perfeitamente o conceito do Ecoturismo, pois o contato permite a relação responsável e sustentável de pessoas interessadas pela natureza. Este é um segmento turístico importante, que faz contribuições positivas significativas para o bem-estar ambiental, social, cultural e econômico dos destinos e das comunidades locais ao redor do mundo. Através dele são oferecidos incentivos econômicos eficazes para a conservação e valorização da diversidade biológica e cultural e ajuda a proteger o patrimônio natural e cultural ao redor do mundo.
E então, que tal conhecer para preservar? Sabemos que existem incontáveis destinos belíssimos para visitarmos só aqui no Brasil, então para não te deixar por fora, o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) preparou uma matéria com 19 destinos de Ecoturismo para você aproveitar e praticar o Ecoturismo, clique aqui para acessar a matéria completa.
Arte: Aline Freiria dos Reis;
Texto: Mariana G. Furquim;
Pesquisa: Amanda Oliveira; Daffiny Kapitanovas;
Texto Instagram: Amanda Oliveira.
Referências Bibliográficas
MAMEDE, S.; BENITES, M.; SABINO, J.; ALHO, C.J.R. Ecoturismo na região turística. Caminho dos Ipês: conexões entre identidade biofílica e usufruto dos serviços ecossistêmicos. UNIFESP 2018. Disponível em: <https://periodicos.unifesp.br/index.php/ecoturismo/article/view/6662/4251>. Acesso em: 13 de abril de 2022.
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