Conhecido como savana brasileira, o Cerrado é o segundo maior bioma do Brasil, representando 24% de nosso território nacional. Com o clima predominantemente quente com períodos de seca e umidade, a vegetação do Cerrado é bem característica, possuindo árvores baixas, arbustos e muita gramínea.
Por estar localizado nas três maiores bacias hidrográficas sul-americanas e possuir uma riqueza hídrica de nascentes, rios e reservas subterrâneas, este bioma possui o que podemos chamar de floresta invertida. Por causa do período de seca intensa natural da região, a vegetação adaptou-se, desenvolvendo raízes profundas que atingem os lençóis freáticos e possibilita que os arbustos e árvores da região sobrevivam, cresçam e se reproduzam durante a estiagem. Já as herbáceas, por possuírem raízes superficiais, acabam secando. Porém, se engana quem pensa que o Cerrado é um local com pouca vida. Pelo contrário, este bioma é considerado um hotspot, região que possui grandes níveis de biodiversidade e endemismo, concentrando 5% da biodiversidade do planeta, tendo por volta de 6 mil espécies arbóreas, das quais 40% só ocorrem na região. No âmbito faunístico, o Cerrado serve de refúgio para cerca de 2.653 espécies de vertebrados, com destaque para os grandes mamíferos como: lobo-guará, anta e o tamanduá-bandeira.
Infelizmente, o Cerrado sofre constantes perdas de território. Só no ano de 2020, foram perdidos 139.644 km2 de território, representando 6,9% da extensão territorial do bioma, sendo a agropecuária a causa de maior impacto. Outro evento problemático para o bioma são os constantes incêndios florestais. Apesar do fogo fazer parte da ecologia do Cerrado e estar sempre presente, o aumento de sua frequência e intensidade vem causando a diminuição da altura da vegetação e eliminando uma boa parte das espécies arbóreas. Além disso, as mudanças climáticas têm feito com que o ambiente fique ainda mais seco, auxiliando no aumento das queimadas, e tudo isso, gerando o empobrecimento dos solos, favorecendo a sua degradação, a perda do equilíbrio dos ecossistemas e da biodiversidade, colocando em risco a continuidade de muitas espécies. Ademais, os incêndios florestais provocam aumento da poluição do ar, de problemas respiratórios e até mesmo intensificam o fenômeno do efeito estufa, afetando também outros biomas, causando efeitos negativos na qualidade do meio ambiente e na saúde pública em locais distantes.
Visando a proteção desta região que é tão importante para o país, algumas medidas protetivas estão sendo tomadas. Em 1992, durante a Eco-92, surgiu a Rede Cerrado, que até hoje trabalha promovendo a sustentabilidade e conservação do bioma e dos povos ali inseridos e conta com mais de 50 entidades amigas, dentre elas, a WWF - Brasil. Atualmente, também tramita pelo plenário a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 504/2010 que tem como objetivo transformar a Caatinga e o Cerrado em patrimônio nacional, garantindo assim que seus recursos sejam utilizados sempre visando sua preservação e assegurando a melhoria da qualidade de vida da população.
Arte: Flávia de Camargo M. Gomor; Texto: Daniela Brustolin; Flávia de Camargo M. Gomor; Mariana Furquim
Pesquisa: Aline Freiria dos Reis Texto Instagram: Aline Freiria dos Reis
REFERÊNCIAS
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