O dia 29 de novembro foi escolhido para homenagear o maior felino do continente americano, a onça-pintada (Panthera onca). O objetivo principal é demonstrar a importância ecológica, cultural e econômica que a espécie tem.
Conhecida também por onça-preta ou jaguar, a onça-pintada é a única do gênero Panthera encontrada na América, com um território que se estende do norte do México até o norte da Argentina. O Brasil é lar de 50% da população mundial desta espécie, que pode ser encontrada atualmente em todos os biomas brasileiros, com exceção do Pampa, como mostra a imagem a seguir.
Embora seja uma única espécie, há registros de variações de peso e porte físico por bioma. As onças existentes na Mata Atlântica e Amazônia são menores que aquelas existentes no Pantanal, de forma que o macho dificilmente ultrapassa os 80kg. Isso acontece pois, nas matas fechadas, as onças precisam ser mais ágeis e esguias para capturar suas presas. Já na Caatinga, apesar de possuir ambientes mais abertos, as onças tendem a ser ainda menores por causa da baixa disponibilidade de alimentos. Se você quiser ver as maiores onças do Brasil, deve então se dirigir ao Pantanal, onde a maior quantidade de recursos, associada a ambientes abertos, possibilitou a predominância de animais maiores e mais robustos.
Apesar destas diferenças, as onças são animais extremamente imponentes e que causam um misto de admiração e temor. Muitas vezes, esse medo que temos pode levar a concepções erradas e julgamentos desnecessários. No dia 09 de novembro de 2021, as redes sociais estavam fervilhando com a notícia de que duas onças pintadas haviam invadido o Parque das Aves e matado 172 flamingos que lá residiam. Por causa disso, surgiram boatos de que Foz do Iguaçu estava sofrendo com um surto de onças-pintadas e que as onças em questão deveriam ser abatidas. Indira e seu filhote Aritana fazem parte de uma população ameaçada de 28 onças, que juntos, vivem num território de cerca de 185 mil hectares (que deveria abrigar muito mais indivíduos). Apesar da fatalidade, não podemos nos esquecer de que onças são animais selvagens e predadoras, que precisam aprender a caçar e se alimentar para sobreviver e que vêm sofrendo cada vez mais com a perda e fragmentação de seus habitats, o que as força, cada vez mais, em direção à áreas antropizadas.
Além disso, as onças-pintadas também sofrem muito com a caça, seja para obtenção em forma de troféu ou por causa da predação de rebanhos domésticos, fazendo com que os fazendeiros pensem que sua eliminação seja a única alternativa. Nestas áreas de conflito, a educação ambiental é fundamental e deve demonstrar as vantagens da existência da espécie, inclusive como forma de incremento à renda com a exploração do ecoturismo. Muitas vezes, ações como manejo de rebanho e instalação de luzes piscantes podem ser o suficiente para reduzir a predação e os prejuízos. É importante também que as ações de educação ambiental salientem a importância em se preservar áreas naturais nas propriedades, garantindo recursos às onças e novamente reduzindo a predação dos rebanhos domésticos.
Atualmente, existem diversas iniciativas e projetos que visam a conservação das onças-pintadas, como é o caso da “Onças do Iguaçu”, “Onçafari”, “Onças Pantaneiras” e até mesmo ações internacionais como a “Jaguar RoadMap 2030” que visa o combate ao tráfico internacional de partes de onças e auxilia na criação de corredores ecológicos entre fronteiras, promovendo ações conjuntas entre países.
Arte: Aline Freiria dos Reis; Texto: Flávia de Camargo M. Gomor;
Flávia de Camargo M. Gomor;
Pesquisa: Giovana Guimarães; Texto Instagram: Aline Freiria dos Reis.
Marcella Pires;
Raphael Martins
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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