Neste ano de pandemia, em que tudo parou por meses, ouvimos falar sobre pontos positivos ao meio ambiente. Diminuições drásticas na emissão de gases do efeito estufa; aumento significativo da qualidade do ar e de corpos hídricos urbanos, como o canal de Veneza; animais reaparecendo em diversos lugares do mundo devido ao isolamento da sociedade. Porém, como nem tudo são flores, algumas dinâmicas sociais advindas da pandemia de Covid-19 estão contribuindo, em muitos lugares, para a destruição do ambiente natural.
Com as restrições dos estabelecimentos comerciais e mais pessoas em casa o dia todo, a frequência de compras online e pedidos por delivery aumentou muito. Junto a isso, a quantidade de embalagens plásticas e materiais descartáveis utilizados também cresceu. Estudos estimam que está havendo um aumento de 15 a 25% nos resíduos sólidos domiciliares. Mais grave ainda é o incremento de resíduos hospitalares. No Brasil, dados apontam que um paciente hospitalizado gera cerca de 1,4 kg de resíduos por dia. Na pandemia, este número aumenta de 10 a 20 vezes. E a preocupação com essa questão não se dá apenas pela geração de mais lixo, mas sim pela dificuldade de manejá-lo e descartá-lo corretamente.
Sabemos que, na maior parte do planeta, os serviços de reciclagem já são insuficientes para transformar todos os materiais recicláveis que são utilizados. Além disso, durante a pandemia, este serviço foi suspenso por um tempo, para conter a disseminação do vírus, fazendo com que mais lixo fosse levado para aterros ou jogado na natureza. Pensando nos resíduos hospitalares e nos equipamentos de proteção individual (EPIs), estima-se que, no mundo, estão sendo utilizados 129 bilhões de máscaras e 65 bilhões de luvas plásticas por mês e esses materiais nem sempre têm o descarte correto. Mergulhadores e observadores estão comumente encontrando EPIs em praias, à deriva e até no fundo do mar, causando problemas para os animais marinhos e contribuindo para o acúmulo de lixo na costa e nas ilhas. Mas quem acha que essa situação prejudica só os animais e a natureza distante de nós está muito enganado. A maioria desses materiais são feitos de plástico e com o processo de degradação, liberam microplásticos, que são levados pelo mar por longas distâncias e podem chegar até nós pela alimentação, gerando problemas de saúde.
Outro ponto de atenção é o crescimento no uso de substâncias que não possuem processos adequados de tratamento nos sistemas de saneamento. Como exemplo, temos produtos desinfetantes, que passaram a ser utilizados com mais frequência em espaços públicos e coletivos e são contaminantes emergentes no meio ambiente. Também podemos citar os medicamentos, como as drogas hidroxicloroquina e cloroquina, que muitas vezes são descartados de forma inadequada e podem caracterizar substâncias perigosas e bioacumuláveis para organismos aquáticos.
Com esses poucos exemplos já fica claro como a pandemia atual está afetando negativamente a natureza! É necessário um planejamento eficiente para gerir os resíduos da melhor forma, visando mitigar os impactos ambientais. Mas também é importante o esforço de conscientização e informação das pessoas para que possam cuidar e descartar corretamente seus próprios resíduos. Vamos juntos trabalhar nessa causa!!
Artes: Natália Lavínia A. de Souza. Texto: Laura Barbon de Abreu;
Thayla Borges.
Pesquisa: Aline Freiria dos Reis; Texto Instagram: Aline Freiria dos Reis.
Wellington Santos.
Referências:
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